quarta-feira, 30 de setembro de 2009

Material Impresso

Entre as mutações sofridas pela leitura e a escrita, nenhuma se compara às transformações proporcionadas pelas novas tecnologias de informação e comunicação. Tivemos a tábua, os rolos, o códice, e, agora temos as telas. A tela, no entanto, é apenas o novo suporte da escrita. O que está sendo distribuído pelas redes eletrônicas são textos. A escrita passa desenvolver características próprias, mas não houve, entretanto, uma ruptura entre as práticas orais e as práticas escritas. A alfabetização, no letramento, nos processos educacionais sofre uma profunda transformação com a chegada das novas tecnologias e da cultura digital. Essas rupturas se mostram tão radicais que estão exigindo a reconstrução de alguns elementos básicos da escola.
Rever os nossos referenciais teóricos, pois os pensamentos de Piaget, Vygotsky e Ferreiro foram adequados a outro momento, serão necessárias novas pesquisas para uma grande adaptação desses pressupostos, uma verdadeira reavaliação do sujeito na educação de hoje.
Outro fator que precisa ser revisto é nosso currículo, pois nosso jovem domina muito mais as tecnologias do que nós professores, fazendo com que uma parceria seja inevitável. As cabeças essencialmente hipertextuais sobrepujaram as antigas leituras lineares, vislumbrando um horizonte de possibilidades até então inconcebível. A sala de aula precisa ser um grande laboratório onde os sujeitos devem estar sempre dispostos a aprender e a propor avanços e novos horizontes, independentes e construtivos. O papel do professor mudou radicalmente, pois, muito mais do que mestre, ele precisa ser um grande mediador de conteúdos e direcionador de caminhos que cada vez mais serão trilhados pelo indivíduo que seguirá todo seu processo pessoal de conhecimento.
Por isso a outra necessidade é de que, nós professores, precisaremos estar reinventando nossa profissão a cada dia. A postura de um professor deve ser pautada na criação de estratégias que possibilitem ao aluno a construção de seu próprio conhecimento, dialogando entre as disciplinas e descobrindo maneiras de desenvolver as diversas competências. Esse caminho não poderá ser traçado sem a anuência do próprio aluno. O estímulo a consciência crítica deve possibilitar ao indivíduo a construção de sentidos e significados de mundo através de atitudes compartilhadas, coletivas e sociais.
O caminho para se repensar uma educação nos moldes pós-modernos é não utilizar o computador apenas como ferramenta, mas como agente transformador do processo educacional como um todo. É necessário clareza em relação aos objetivos da introdução das novas tecnologias nas escolas, pois os computadores, por exemplo, não possuem uma característica intrinsecamente interativa e transformadora. É o modo como a escola o utiliza que determina se sua função será de estímulo à criatividade, de transmissor de informações, de incentivador de novas formas de sociabilidade e de desenvolvimento de determinadas habilidades cognitivas.

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